Os solos dos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina são predominantemente ácidos, o que limita o rendimento da maioria das plantas cultivadas. Esses solos possuem altos teores de elementos tóxicos às plantas, principalmente alumínio e manganês, e baixos teores de nutrientes, especialmente fósforo, potássio, cálcio e magnésio. Nesta condição, a utilização de calcário para corrigir a acidez do solo é de fundamental importância para a produção agrícola.
Dados de pesquisa EMBRAPA (1980), mostram que, quanto menor for o pH do solo, ou seja, quanto maior a acidez, menor será o aproveitamento dos principais nutrientes das plantas, que são aplicados pelo produtor quando este aduba a sua lavoura. Por exemplo, quando o pH do solo for menor do que 5,5 o aproveitamento do fósforo será da ordem de 32% (Tabela 1). O restante não é aproveitado pelas plantas e este fósforo fica "preso" no solo ou indisponibilizado para as plantas, o que significa que o produtor está "pondo dinheiro fora", pois este investimento não terá todo o retorno possível. No entanto, quando o pH do solo for maior do que 6,0, o aproveitamento do fósforo aplicado, segundo a pesquisa, sobe, alcançando 100% com pH 6,5.
O pH do solo ideal para a maior parte das culturas situa-se na faixa de 5,5 a 6,0, dependendo do tipo de solo, disponibilidade de nutrientes variedades etc. nesta faixa de pH, ocorrem: a) a neutralização do alumínio tóxico; b) a eliminação da toxidez de manganês; c) o melhor aproveitamento dos nutrientes do solo; d) condições adequadas para os processos naturais que ocorrem no solo, como a liberação de nutrientes contidos na matéria orgânica e a fixação de N atmosférico, quando espécies leguminosas são cultivadas em sistema de rotação.
Como medida isolada, a calagem é uma das praticas que proporciona maiores incrementos no rendimento, não dispensando, entretanto, o uso de adubos. Os maiores rendimentos são alcançados quando a calagem e a adubação são utilizados em conjunto.
A quantidade de calcário a aplicar deve ser baseada na analise do solo e depende do pH em água a atingir. Devido às diferentes formas de uso racional do solo é necessário considerar o sistema de manejo do solo para definir a dose e o método de aplicação.
Na escolha do corretivo da acidez, considera-se o custo efetivo do produto com base no PRNT (poder relativo de neutralização total). Recomenda-se preferencialmente o uso de calcários que contenham magnésio (calcários dolomíticos), pois este nutriente geralmente encontra-se em níveis baixos nos solos ácidos do RS. O calcário deve ser aplicado, preferencialmente, até seis meses antes da semeadura ou plantio da cultura mais exigente, como as leguminosas, que são menos tolerantes à acidez, ou até três meses antes do plantio das demais culturas, para obter os efeitos benéficos da calagem no 1º cultivo. A calagem apresenta efeito residual prolongado, sendo efetiva por um período de 4-6 anos. A duração desse efeito depende principalmente da dose, tipo e manejo do solo, sistema de cultivo, culturas e condições climáticas.
Referencia bibliográfica
EMBRAPA - Projeto "Racionalização de uso de insumos. Brasília, DF. 1980. 78p.
Nenhum comentário:
Postar um comentário